[Instrumental Intro]


[Voz masculina]

Quero soltar meus versos ao centro de uma praça solitariamente Correrão inaudíveis aos que ali passarem Soarão totalmente voluptuosos porque ali não é um corpo que se desveste É uma alma que se desvela Cairão os pássaros ao chão atônitos; argumentarão talvez os sonhos que ali se aninham nas mais altas árvores Talvez a senhora que ali marafona me dê ouvidos e chore de saudade do tempo que não lhe faltava pão pela riqueza de seu agridoce ofício em que declamava poemas tão concretos em tantos ouvidos desconhecidos Relerei Baudelaire destoando seus intentos Sentarei a olhar o Gato Preto que escapou de uma parede qualquer aprisionado metaforicamente ou talvez denotativamente por Edgar Poe Muitos me olharão mas não me verão pois serei só um zunido empurrado pelo Minuano estampido do Sul de minha Nação Serei sol a mim mesmo lua para moça que espera ansiosamente que me cure de minha insanidade serei o espirro provocado por uma alergia ao novo a um misantropo Quero quiçá me declarar totalmente sacrílego à última flor do Lácio por não pensar nas consequências de tentar materializar os descampados de minha alma Sendo uma peste que soa lentamente a separar corações pai de filho mãe de filho mãe de pais e filhos Talvez me sentirei culpado por isso e cairei por terra e levantarei dali humilde humos a reiniciar cada versinho não tentando escalar inconsequente e tão despreparadamente o topo dessa montanha que nasce onde  o sol  se põe

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